sexta-feira, 16 de agosto de 2013

LIRA II

Pintam, Marília, os Poetas
A um menino vendado,
Com uma aljava de setas,
Arco empunhado na mão;
Ligeiras asas nos ombros,
O tenro corpo despido,
E de Amor, ou de Cupido
São os nomes, que lhe dão.

Porém eu, Marília, nego,
Que assim seja Amor; pois ele
Nem é moço, nem é cego,
Nem setas, nem asas tem.
Ora pois, eu vou formar-lhe
Um retrato mais perfeito,
Que ele já feriu meu peito;
Por isso o conheço bem.

Os seus compridos cabelos,
Que sobre as costas ondeiam,
São que os de Apolo mais belos;
Mas de loura cor não são.
Têm a cor da negra noite;
E com o branco do rosto
Fazem, Marília, um composto
Da mais formosa união.

Tem redonda, e lisa testa,
Arqueadas sobrancelhas;
A voz meiga, a vista honesta,
E seus olhos são uns sóis.
Aqui vence Amor ao Céu,
Que no dia luminoso
O Céu tem um Sol formoso,
E o travesso Amor tem dois.

Na sua face mimosa,
Marília, estão misturadas
Purpúreas folhas de rosa,
Brancas folhas de jasmim.
Dos rubins mais preciosos
Os seus beiços são formados;
Os seus dentes delicados
São pedaços de marfim.

Mal vi seu rosto perfeito
Dei logo um suspiro, e ele
Conheceu haver-me feito
Estrago no coração.
Punha em mim os olhos, quando
Entendia eu não olhava:
Vendo o que via, baixava
A modesta vista ao chão.

Chamei-lhe um dia formoso:
Ele, ouvindo os seus louvores,
Com um gesto desdenhoso
Se sorriu, e não falou.
Pintei-lhe outra vez o estado,
Em que estava esta alma posta;
Não me deu também resposta,
Constrangeu-se, e suspirou.

Conheço os sinais, e logo
Animado de esperança,
Busco dar um desafogo
Ao cansado coração.
Pego em teus dedos nevados,
E querendo dar-lhe um beijo,
Cobriu-se todo de pejo,
E fugiu-me com a mão.

Tu, Marília, agora vendo
De Amor o lindo retrato,
Contigo estarás dizendo,
Que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
Que Cupido é Deus suposto:
Se há Cupido, é só teu rosto,
Que ele foi quem me venceu.



Na lira II , os poetas tentam mostrar ao cupido um tipo de mulher ideal no caso Marília, falam do amor idealizado por Marília e que opõe-se a Marília ''real'', menina brasileira de olhos e cabelos escuros com a  beleza invejável , e que tem a voz meiga e o olhar honesto, o eu-lirico fala de sua face mimosa e a compara com os bens preciosos . No poema há características tipicamente românticas , e o retrato estereotipado de Marília ,o poeta tem atitude visivelmente romântica .

CARATERÍSTICAS DO ARCADISMO: 


  • Idealização da mulher amada: na quinta estrofe o eu-lirico diz a Marília que na sua face mimosa estão misturadas pupureas folhas de rosa e brancas folhas de Jasmim. Fala o quanto Marília é perfeita e preciosa.
  • Convencionalismo amoroso: durante a lira, ele vai falando sobre o amor que ele sente por Marília e quão bela Marília é.

SITUAÇÃO HISTÓRICA: Na época, ocorreu a inconfidência mineira, acreditavam que Tomás era o lider pois as reuniões sempre aconteciam em sua casa e na casa de Cláudio Manuel, onde se discutiam planos e as leis para a nova ordem.


GLOSSÁRIO

• Aljava: Estojo para guardar setas, e que se trazia pendente ao ombro.
•Tenro: Mole, brando , delicado,agradável 

Juliana Araujo
N°:19
1°C


4 comentários:

  1. Gostei da interpretação e da situação histórica, achei a lira bem interessante e entendi bem o que foi explicado.

    Stefanny Sarah
    Numero: 35

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Boa interpretação, tudo a ver com o poema. O glossário ficou bom.

    Nancy Barros - 29

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  4. Achei interessante , entendi o que foi explicado e o glossário esta bem explicito .

    Jhully Thais- 17

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